terça-feira, janeiro 30, 2007

Eterna Despedida

Conhecer as tensões não significa
que não sinta.
Sou eterno contigo, como sempre tenho sido,
mas não fico pertencente à gaveta
de um assunto esquecido,
nem à caneta que desenhou em palavras
o sentimento permanente
das coisas que nos demos
e do muito que vivemos.

Entende que é por isto
que fumo;
este cigarro que me traz momentos
da paz contrafeita,
que como a Pessoa, liberta,
no seu fumo os pensamentos
no meu momento sensitivo,
e competente,
d'alma desperta!

Nunca te abandonei, mulher ideal,
pertencente a um ideal
que não abracei,
concernente ao social "ismo"
que nos cataloga e condena.
Existirás para mim sempre
num memoriado sismo
até ao Advento.
És a mulher-missão
a quem a minha mão
devolve a Esperança
sempre nesta sua semelhança
mais contrária
ao teu lamento.

Chora, mulher,
chora de novo, neste momento
outra vez repetido,
nesta dádiva à tua vida
que ganhou sentido
e que com este alento
é renascida!
Serei para sempre esta marca
no teu leito,
e vez após vez
tatuarei na chama do peito
a memória monarca
que te fez!

Oh mulher...

Assino assim este poema como uma despedida
e as lágrimas inevitáveis,
de sal,
molham-me a vida,
humedecem esta voz sentida
de um julgamento meu,
escoam a culpa própria do processo
natural

de ser eu...





Rui Diniz
cortedelrei.blogspot.com
(Entregue pelo autor para publicação neste blog)

segunda-feira, janeiro 29, 2007

No recanto do jardim
páras e sentas-te.
Tiras a caneta.
Olhas à volta e vês aquilo que queres.
Não és Deus és outra coisa muito parecida.
Poeta? Talvez, mas isso pouco importa.
O raio do Sol pode vir da Lua.
E tu? Se calhar doutro planeta.
Não sei! Pouco interessa.
Mas na tua essência... és tu!

Luís Palma
Debaixo do Bulcão 16 - Janeiro 2002

E assim foi...

... a primeira Poesia Vadia de 2007!




Vejam a reportagem do evento no blog
Poetas Almadenses

(Foto de Ermelinda Toscano)

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Poesia vadia: mais uma rodada!

É já este sábado, 27 de Janeiro,
a partir das 17 horas,
e estão todos convidados!




No café Sabor & Art,
rua Cândido dos Reis, 88
Cacilhas

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Algures na cidade minguante


Trago em mim
marés na forma de um olhar
e ao perceber isto
(porquê só ao perceber isto?)
tanta coisa se assemelha ao menos com a vida

Sou tão banal sou qualquer pessoa
Desvio as pálpebras para certas montras cosmopolitamente
Nem revisito amigos a quem possa mostrar
que de súbito sou triste essencialmente
e fatídico somo quem não tenha senão esta
forma nem sequer plural sem amanhã

Cerco em assalto as muralhas de mim próprio
Talvez porque me assuste sentir
que fico (sem motivo) célere mas absurdamente demorado
como as horas de angústia ao assumir o real

Trago em mim
entre o que penso visível e o que suponho invisível
uma emoção transbordadamente espontânea
E arquivo o que renego só porque não chego a vivê-lo

Porque ao menos sou triste
como um ângulo qualquer duma noite onde espreita a chuva

António José Coutinho
(Debaixo do Bulcão 7 - Dezembro 1997)

Foto: António Vitorino (Baía do Seixal, algures no final da década de '80)

terça-feira, janeiro 23, 2007

O que falta?
- O que se tem nunca é suficiente.
O que se quer?
- Não se sabe, perde-se em conjunturas
de sonhos infantis.
Vive-se a réstea da infância
num mundo que não é para crianças.
A centelha do sonho perde o brilho,
pouco a pouco a luz torna-se ténue,
vazia, sem calor.
A carne tomba
e o espírito vagueia, perdido,
gritando desesperado
por outra carne,
outro sustentáculo,
outra infância.


António Boieiro
Debaixo do Bulcão 12 - Janeiro 1999
Nota biográfica sobre o autor, no blog
Poetas Almadenses

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Origens

As crianças
O elevado estado de pureza
Que a psicologia desmente.

Projecto de homens
Com cor
Nacionalidade
Naturalidade
Filiação.

Dá-se início à segregação
O menino de Angola
Da Europa.

Preto
Branco.

Rico
Pobre.

Puto de rua
Garoto das barracas
Menino da cidade.

O destino marca a sorte!

Depositado nos
Infantários?
A pedir esmola?
Um orfanato?
Ainda agora nasceu
E já está abandonado
Deitado à solidão.

Quem os irá tornar
Seres culturais?
Quem?
É a geração
Dos filhos de ninguém?


Nagui de Andrade

Debaixo do Bulcão 12, Janeiro 1999

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Lamento de pequeno deus

pensando que no fim em mim dormia
a sombra da vaidade (minha água)
abri um pouco a janela do dia
fechei um pouco a torneira da mágoa


António Vitorino
(Debaixo do Bulcão 1,5 - Janeiro 1997)

quinta-feira, janeiro 18, 2007

És imortal amor glória
Anjo eterno
És fauno
Amor campestre
Luz
Em água nascente
Suspiro mágico
Eco no meu ventre
És canto de brisa leve
Vento uivante
Grito
Grito efémero
Poesia
Fado
Dor que me segue
És lugar secreto
Uma oração
Choro
Chave da vitória riqueza
Negro abismo perfeito
ÉS
És adaga no meu peito


Helga Rodrigues
(Debaixo do Bulcão 23, Dezembro 2003)

Obs: Um agradecimento especial ao Henrique Mota, que digitalizou as páginas do Debaixo do Bulcão que aparecem neste blog e ajudou a resolver alguns problemas relacionados com a edição do mesmo.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Água nos olhos da noite

"Eu amava como amava um pescador,
que se encanta mais com as redes que com o mar
Eu amava como jamais poderia
se soubesse onde te encontrar"
(Oswaldo Montenegro in "Lua e Flor")



Nos escombros do meu corpo,
que a madrugada abrasa e o luar melancólico ilude,
vão cisnes selvagens renascendo
do lago imenso e prateado
que as primeiras chuvas transbordaram.
Atento,
roendo esta nostalgia e arqueando as horas
inultrapassáveis,
fica-se o meu olhar de silêncios
no céu digno e luminoso
tecido de fragilidades e acordes de lira
que apenas a solidão é possível escutar.


Helena de Sousa Freitas

Publicado em Debaixo do Bulcão nº12
Janeiro 1999

(Mais informação sobre esta autora em:
Letras e Estudos Luso-Canadianos
jornalismo-literatura.com

segunda-feira, janeiro 15, 2007

palco

fingimos que somos,
que não somos,
que sabemos
que o que queremos
é não saber o que agora somos.

luzes, ribalta, néon.
palmas, ilusão;
pateada, nada somos.

bailas? não bailas?
eu sigo, prossigo, arrisco.

abro a cortina
e fico na boca de cena.
qual cena?... a da ilusão?...
a da verdade?
finjo que não sei e prossigo,
olhos nos olhos da plateia
que, em silêncio, nos consome.

a rede. não há rede...
há apenas o degrau...
da fama ou... da lama.

como tudo é bom e cruel,
como, no palco, de um improviso nas-
ce a flor e de um deslize...
a queda fatal.


fingimos que somos,
que não somos a fingir.
que somos como somos.
que, por detrás daquilo
que naquele instante parecemos ser
há algo, em nós, mais importante
por descobrir.

somos o que somos.



Quim Gouveia
(Do livro "Luaridades", edição "Onda Azul", Setúbal, Junho 2001.
Publicado, com permissão do autor, em Debaixo do Bulcão poezine nº 16, Janeiro 2002)
E para os que estiverem com dúvidas, sim, o Quim Gouveia poeta é o mesmo Quim Gouveia "cantor pimba"...
Na nudez dos dias
a ilha é sangue
assassinada por mãos
correndo pelo azul do corpo
no perpétuo silêncio dos olhos
mil palavras ditas não matam a sede
do horizonte

Aqui amanhã talvez morram cios
de horas e raivas
sem pedras usadas de choros
cairão das árvores mil lágrimas podres
sem sol
oceanos de fingir
onde barcos navegam como fantasmas mudos



Maria Cannin


Debaixo do Bulcão 16
Janeiro 2002

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Este é o fac simile da página onze da edição número um e meio de Debaixo do Bulcão poezine, publicada em Janeiro de mil novecentos e noventa e sete




Texto e grafismo (ou será antes um poema gráfico?) de Luísa Trindade.
(A mesma Luísa Trindade que fez a famosa capa desta não menos famosa edição 1,5...)

Anúncio: Editorial Minerva

A Editorial Minerva está a preparar mais uma antologia de novos autores de língua portuguesa: Poiesis, volume XV.
Os trabalhos (poesia e prosa poética) devem ser entregues até 30 de Março de 2007.
Aos interessados, sugerimos que visitem a página da editora, em www.editorialminerva.com.
Aí poderão encontrar o regulamento completo desta iniciativa, bem como a ficha de inscrição para a mesma e (no caso de subsistirem dúvidas por esclarecer) as diversas formas de entrar em contacto com os responsáveis pela edição.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

O sol brilha por entre o bulcão (será outro sinal?)

O bulcão insiste e escurece,
com o tom cinzento escuro
como antecipava o meu
existir.
O céu já não tem há tempo a cor
que me aquece.
O azul ficou para trás.
Mas o jejum que prolongo apenas
me fará
mais forte.
Esta agonia silenciosa que vou
carregando atenta recurvamente, como
a minha mão que acaricia sem sequer
querer tocar, não é totalmente
inútil. Serve para a sentires
nos meus olhos sempre que te julgares
já esquecida.
Não porque te vá esquecer.
Não porque não queira (e não quero)
mas porque cresces em mim
quando acordo ou quando
já acordado olho este
negrume no céu e te
escrevo assim sem sequer pensar se devo.
Se eu fosse um dia o teu amar.
Se o sol aparece agora será sinal por ter
feito esta frase prévia como o arrepio?
Porque será que todos os sinais conspiram
e me provocam e querem-nos aos dois?
Porque será que reparo em coincidências banais?
que nada dizem, nada querem dizer excepto
o grito o aviso de que existe mesmo um
sentido uma ordem de vida de existência. Será?
Esta existência que te entrego
calmamente, com tristeza, silenciosa e atenta,
apaixonada recurva mente, sem pressa mas
com o desejo ardente, fico aqui debaixo do
bulcão onde te possa ao menos observar.
(Para não desfalecer)


Miguel Nuno 97
Debaixo do Bulcão 1,5 - Janeiro 1997

Ciência nova

Contemplo a história recente
Pasmo de Erasmo perto e presente
Corrente notória de anomalia
Cidade menor que o mar, se erguia

Contemplo o ciclo do astro cintilante
parecendo que perto se apresenta - distante
Transalpino contrapondo um destino
A massa se move na mesma braça

Contemplo adiante Pasteur exigente
Subindo a corda do padecer vigente
a pulso e impulso de raiva convulso
Fundamento preciso, necessário andamento

Andamento contemplo ritmo diabólico
Primogénito prodígio de um alcoólico
Sem sentido sabia o sonoro
Sua sinfonia divinal devoro

Contemplamos séculos de sabedoria
Homem solta céu que o prendia
Liberto legisla, lidera com leme a maré.
Fé por filósofo incutida, para nós transmitida.

Aurélio E. Auffass
Debaixo do Bulcão 1,5 - Janeiro 1997


Os lábios selam-se, a demência
abraça o espírito com garras de aço,
a pérola perde o seu brilho e as mãos
tremem e a frase fica retida num
espaço indefinido.
Para além de um corpo de homem não há mais nada,
só a impotência de não saber e a cegueira
de uma máscara podre.
O sonho fica encarcerado na jaula da infância
e o despertar torna-se doloroso
por vezes morre ao primeiro sinal.
Os castelos tornam-se muros horrendos e a
magia nada mais é que uma paixão efémera
crucificada entre duendes e fadas,
o unicórnio foi assassinado por mãos
que não conceberam.
A alma torna-se uma desculpa,
um vómito de quem deseja o que não sabe,
um despertar morto à nascença.


António Boieiro
Debaixo do Bulcão 1,5 - Janeiro 1997

Pássaro de asa curta

De carinhos,
e de ti, quem sabe,
amordaço ao peito
o desejo de algo superior,
íntimo
como amizade
que esta esbraceja algo mais forte,
um ouvir sem palavras
o que para mim significas,
pássaro de asa curta
de olhos brandos,
amo amar-te assim,
simples
sem compromissos,
velhas ideias
que vencem uma solidão
um sentimento que me isola
embora libertes em mim,
pássaro de asa curta,
o desejo amordaçado ao peito.



Zé Carlos
Debaixo do Bulcão 16, Janeiro 2002

Daqui para o silêncio

Morre lento lento lento
como o vento ferido
a morrer com as mãos
a morrer com os olhos

vai daqui ao medo da noite
depois vai nuamente
do medo à terra
e voa longamente
voa vagamente

explode como um deus negro
com raiva
morto à traição
desfigurado
e cai pelo céu abaixo
buscando um pássaro parado
que te leve ao silêncio
que te diga adeus



Jacquett Ribeiro
Debaixo do Bulcão 16 - Janeiro 2002

quarta-feira, janeiro 10, 2007

A autêntica estação

Inverno: vou pela Morais Soares -
por sinal sempre alegre sobre o dia
descido do autocarro ao pé da Avenida
o dia é escuro e eu na palidez à deriva
E há uma chuva que me molha os olhos
São infinitas saudades de tanta coisa -
a luz o que és uma certa intimidade
o exílio no olhar: quem me deras tu
aí onde brilha o verdadeiro sol
São infinitas saudades da tua estação -
mês após mês a única autêntica estação


António José Coutinho
Debaixo do Bulcão 12, Janeiro 1999

quinta-feira, janeiro 04, 2007



Eis, Abu Bacre, saúda os meus lares em Silves e pergunta-lhes
se, como penso, ainda se recordam de mim.

Saúda o Palácio das Varandas da parte de um donzel
que sente perpétua saudade daquele alcácer.

Ali moravam guerreiros como leões e brancas gazelas,
e em que belas silvas e em que belos covis!

Quantas noites passei divertindo-me à sua sombra
com mulheres de cadeiras opulentas e talhe fatigado.

Brancas e morenas que produziam na minha alma o
efeito das espadas refulgentes e das lanças obscuras!

Quantas noites passei deliciosamente frente a um
recôncavo do rio com uma donzela cuja pulseira rivalizava com a curva da corente!

O tempo passava e ela servia-me o vinho do seu olhar
e outras o do seu vaso, e outras o da sua boca.

As cordas do seu alaúde feridas pelo plectro
estremeciam-me como se ouvisse a melodia das espadas nos tendões do colo inimigo.

Ao retirar o seu manto, descobriu o seu talhe,
florescente ramo de salgueiro, como se abre o botão para mostrar a flor.



Al Mutamid (rei de Sevilha, natural de Beja, século XI)
(Publicado em Debaixo do Bulcão nº16, Janeiro 2002)

Mais sobre Almutamid:
Guia da cidade de Silves
Islam y Al-Andalus: Andalusíes Ilustres
Saudi Aramco World: The Poet-King of Seville

terça-feira, janeiro 02, 2007

1 de Janeiro de 1999

Na soalheira manhã deste dia de hoje onde a proximidade do terceiro milénio começou há pouco a ser de dois anos, encontramo-nos todos mais ou menos distantes uns dos outros, tal como tem que ser.
Se ao acordarmos para este primeiro vislumbre do Sol deste primeiro dia em que será para muitos o primeiro começo de muitos outros começos pode ser que consigamos ver a beleza que carregou esta manhã até nós; se assim for que importam todas as ausências?... importam exactamente isso; todas as ausências que importam alguma coisa neste dia importam sempre a mesma coisa: um sentimento de perda, nem que temporário/a.
Está Sol, pronto já disse, pronto já repeti.
...
...
e então, sorvendo com avidez golos grandes desta luz engulo como pão sagrado todas estas ausências que fazem então (ainda) parte de mim.


José João da Costa Mota

Debaixo do Bulcão 12, Janeiro 1999

Mensagem de Ano Novo de Sua Excelência o Senhor Editor do Debaixo do Bulcão poezine

Cidadãos:

Antes de mais, devo tranquilizar-vos: não venho aqui dizer que 2007 será um ano crucial para o Debaixo do Bulcão poezine. Não será crucial, nem sequer decisivo (e garanto-vos, caros concidadãos, que a palavra decisivo me soa muito melhor, e sei porquê).

Também não venho aqui fazer promessas.
Não garanto que as próximas edições do Debaixo do Bulcão poezine (refiro-me ao objecto palpável, a edição em suporte de papel) possam sair com a desejável periodicidade trimestral.
Aliás, não posso sequer garantir que seja possível continuar a edição em papel. Nem sempre conseguimos dispor dos recursos necessários; nem sempre as pessoas que neste projecto trabalham (de forma voluntária, diga-se) estão disponíveis.
Mesmo aquilo que parece mais fácil de assegurar (ou seja, este blog) não tem um futuro definido. Em primeiro lugar porque, como dizia o outro engraçadinho, a única certeza a longo prazo é que a longo prazo estaremos todos mortos. Mas também - o que não é menos relevante - porque este vosso pobre editor é, de facto, pobre (no sentido económico-financeiro do termo) e nem sequer tem ferramenta de trabalho: as actualizações deste blog são feitas "aqui e ali", em computadores de que disponho temporariamente.

Não há tuning neste blog

Posso, no entanto, garantir-vos que não irei sobrecarregar o blog com desnecessários "ornamentos" (ía escrever "mariquices mas, felizmente, parei a tempo).
Este é um espaço para divulgação de textos de novos autores. Não é um exercício de novo-riquismo tipo deixa-me cá artilhar o meu blog para mostrar que sou muito virtuoso e ver se ele fica mais bonito que o teu.
Dito isto, e apesar das dificuldades que enfrentamos, 2007 não é, repito, decisivo (nem crucial).
A fase das grandes decisões e encruzilhadas aconteceu em 1997 (sim, há dez anos!) quando, após o lançamento da primeira edição (recebida com entusiasmo, sublinhe-se) conseguimos reunir vontades e recursos para continuar o projecto.
Continuámos. E apesar de duas longas pausas nesta caminhada de dez anos, eis-nos aqui, prontos para mais uma década ou para acabar já amanhã. Vocês decidem, porque este projecto existe para vos servir e não faz sentido sem a vossa participação.
E pronto, agora que estão prestados os necessários esclarecimentos prévios, passemos então a desenvolver os temas desta Mensagem de Ano Novo. Temas que são, como sabeis, "bonum vinum laetificat cor hominis" e "fortuna favet fatuis".

O bom vinho alegra o coração dos homens

A este propósito poderia citar, por exemplo, o grande poeta Muhammad Ibn Abbad Al Mutamid, rei de Sevilha nascido em Beja, mas não me apatece fazê-lo.
Também vos poderia falar de um tal Fernando Pessoa. Mas deixem lá, fica para outra ocasião.

A sorte favorece os parvos

Nesta aldeia global que é a blogosfera, anda por aí muita cabecinha de galináceo que só pensa em tratar do seu quintal e/ou favorecer os seus.
Ora bolas, para isso não precisam da internet: reunam-se entre quatro paredes, organizem-se em tertúlias e aproveitem para beber chazinho (ou uma boa pinga, se não gostarem de chazinho)!

Recapitulação

Expostos e desenvolvidos os temas que aqui nos trouxeram, terminemos, como mandam as boas práticas, com uma recapitulação.
Recapitulemos, pois:

a) 2007 não vai ser para nós crucial nem decisivo: prosseguimos ou acabamos, mas sem dramas
b) se for possível, e esperemos que o seja, continuaremos a editar Debaixo do Bulcão poezine em suporte de papel e com periodicidade trimestral (Março, Junho, Setembro, Dezembro)
c) tentaremos manter este blog actualizado nos conteúdos e feioso na aparência
d) o bom vinho alegra o coração dos homens e a sorte favorece os parvos

Termino manifestando o meu sincero e fervoroso desejo de que todo vós tenhais o ano de 2007 que fizerdes por merecer.

António Vitorino
editor do Debaixo do Bulcão poezine

PS: Como certamente já perceberam, publicamos, com muito gosto, os vossos textos (poesia ou prosas pouco extensas). Enviem os vossos trabalhos para debaixodobulcao@netcabo.pt