quarta-feira, maio 28, 2008

Poesia Vadia, sábado, na Incrível Almadense!


Convite do colectivo Poetas Almadenses:


«No próximo dia 31 de Maio, sábado, a partir das 17h,
venha participar/assistir à nossa sessão mensal de
POESIA VADIA, um espaço de convívio inter-geracional,
de carácter informal, onde todos são importantes...
poetas e público, unidos pela poesia.

Dia 31 é, igualmente, o Dia do Associativismo. Por
isso, numa terra com uma longa tradição neste campo,
a "Poesia Vadia" deste mês é, também, a comemoração
deste evento. E realizá-la num dos mais emblemáticos
locais da nossa cidade, o Salão de Festas da
Sociedade Filarmónica Incrível Almadense, é uma
pequena homenagem dos "Poetas Almadenses" a todos
aqueles que fizeram desta colectividade um exemplo. »

segunda-feira, maio 26, 2008

Performance Indianapolis

Aranhiças & Elefantes convidam para
Performance Indianapolis

CITAC, Coimbra (1º piso da AAC)

dia 27/Maio/2008

23h30

no âmbito da exposição de arte Mostr'Ego.

mais informações em
http://www.3aranhicas.blogspot.com/

terça-feira, maio 13, 2008

Debaixo do Bulcão trinta e três!

A próxima edição – número 33 - sai em Junho!
Enviem os vossos textos, de poesia ou prosa (máximo: uma página A4), até domingo, 25 de Maio, para
debaixodobulcao@gmail.com

sábado, maio 10, 2008

Dor occulta




Alta noite quando a lua

No azul distante fluctua,

Com seu cortejo de estrellas,


Minh’alma vôa perdida

A amplidão indefinida,

E confia no seio d’ellas,


Como queixas religiosas

As suas mágoas saudosas,

As suas íntimas dôres.


E quando a aurora apparece,

Esmaltando a loira mésse,

Beijando o calix das flôres


A terra toda orvalhada,

Diz aos raios da alvorada

Que enxuguem o pranto seu,


Que dos olhos das estrelas

Cahiram lágrimas bellas

Toda a noite, e que no ceu


Alguma pena roçou,

Ou magoa estranha pairou

Que fez tombar taes aljofres...


E as estrellas recolhidas

Commentam, sós, doloridas,

Minh’alma, tudo o que soffres...



Albertina Paraizo
Jornal do Domingo, 19 de Junho de 1887
(poema reproduzido conforme a ortografia portuguesa
da época)

quinta-feira, maio 08, 2008

Aniversário da revista Bíblia


A revista Bíblia está a comemorar 12 anos - o que faz dela uma das poucas publicações alternativas portuguesas mais idosas que o Debaixo do Bulcão... - e começa os festejos de aniversário no próximo dia 10, no Cabaret Maxime, em Lisboa.


Eis o convite para a festa:


«Com abertura das portas às 23h00, quem para lá se encaminhar terá a oportunidade de assistir à actuação ao vivo de:
CÃO (rock de amor digital) http://www.myspace.com/ocao
NSEKT (sessão diferente do habitual) http://www.myspace.com/nsekt
e ainda,
DJ Vaipes (com clássicos do futuro) até às 4 da manhã!!
Será também lançado um novo número da revista nossa amiga, 365,

editada por Fernando Alvim.
Esta será mesmo uma festa em grande, a festejarmos o 12º aniversário da revista Bíblia.
Saudações Cordiais, gostávamos mesmo de te ver por lá.

Tiago Gomes.»


Mais informação no site da Bíblia,
http://www.revista-biblia.com/

ou no Almada Cultural:
http://almada-cultural.blogspot.com/2008/05/12-aniversrio-da-bblia.html

quarta-feira, maio 07, 2008

ando
inicio a correr
o meu corpo
desfaz-se em matéria
corro
esvazio-me
não fico aliviada
fico o dia inteiro
com a sensação
de excremento
que quer sair
limpar-me por dentro
digo:
"só por dentro?!"

BB Pásion


dói-me a barriga
mas não grito
anseio por hoje
hoje ao fim
chega o azul de meia-noite
vamos reunir-nos
no salão
para a tenebrosa sessão
cantamos
recitamos vamos então
como a deusa
que está com as mamas descobertas
ela irradia
ela é linda

BB Pásion




Caminho pela estrada fora
Sei para onde vou
Não sei quando chego
Nem quem apanharei pelo caminho
Quem me tomará não saberá
Também
Que vai tomar a minha pessoa
Espero de esperançada
Que vai tudo correr
Correr como tiver que correr
A nossa energia vai
Delimitar
O caminho do caminho das coisas

BB Pásion
(poemas enviados por e-mail,
pela autora,
para publicação neste blogue)
(fotos de António Vitorino)

terça-feira, maio 06, 2008

Ao telefone com Felícia

Passo a passo amo os regressos cinzentos,
como a pele dum céu dormente.
Tempo após tempo sabemos que tudo se devolve,
mas temos de crescer, e
tens de chorar, e
nada se arrasta à superfície do gesto.
E posso sentir um dos meus passos vegetar,
frio como sangue coagulado,
envolto numa grade de fumo,
lento como um rito funerário.
Dentro de ti a chuva molha os retratos ao fundo,
procuro pelos cantos a minha viagem preferida.
E era só isso, leve fase superficial,
o riso mudo dum péssimo dia.
Senta-te, eu desligo, ou apaga por agora as lágrimas...
Habitar algures entre as folhas,
contemplar a silenciosa liberdade,
chorar amanhã o florir ressequido do dia,
abrir no silêncio as espirituais asas da noite
sobre os campos verdes de oakwod,
até levitar nas cores resíduos ácidos, despertos...
Dão por mim a tentar, mas
o vizinho interrompe e chama a polícia.
Dormir agora, os olhos traem: será tempo de gritar?
Foi sempre tempo, e
não ouvíamos, e
era a nossa vez, regressar da fuga para longe...


António José Coutinho
Debaixo do Bulcão, poezine

Número 4 - Almada, Julho 1997

segunda-feira, maio 05, 2008


Vejo o mundo vestido de negro
Vejo lágrimas que correm sobre
Rostos sufocados
Tristeza, só tristeza!
Pessoas mesquinhas, pessoas doentes
Doentes mentais
Tudo é feio
Mete nojo, mete medo
Odeio isto tudo!
Parem com tudo!
O cheiro da mesquinhez que paira no ar
O ar abafado que me sufoca
Que engulo e me aperta a garganta
Não há nada...
Quero partir
Quero nascer de novo
Abrir uma porta e gargalhar
Rir, rir, rir
Até não poder mais
Mas caio no chão
Tudo isto é uma triste ilusão...


Mariana Moreira
Debaixo do Bulcão poezine
Número 15 - Almada, Julho 2001

sábado, maio 03, 2008

História da solidão no amor


Era no silêncio que queríamos estar, na madrugada bem quieta, fosse no Inverno ou no Verão. Não queríamos mais que não fosse o silêncio. Estávamos longe, tanto quanto a terra permite, sós no quarto, com o mar. Era do mar que vinha o silêncio e a própria madrugada. Era do mar que vinham as formas dos teus corpos, tão quietos como as árvores a nascer. Um dia eu chorei perante o teu corpo, com uma passividade que vem da terra ferida pela chuva e pelo sol. Foi depois de termos amado e eu não estava triste, mas o teu corpo adormecido era demasiadamente quieto, demasiadamente imperceptível como se em ti não houvesse rosto, mamas, púbis, pernas, braços. Estavas como se fosses os olhos dum veado. E eu chorei. Chorei porque o silêncio te tinha levado e eu estava só.


Jacquett Ribeiro

Debaixo do Bulcão poezine
Número 15 - Almada, Julho 2001