terça-feira, janeiro 29, 2008

terça-feira, janeiro 22, 2008

Gente muito sábia
Anda a discutir os crimes
Que cometemos contra a natureza…

E dizem-me que ela anda apavorada
Vingando-se muitas vezes
Por meio de calamidades terríveis

Estão a ver, não estão?
Tremores de terra, inundações, fogos…
É ela a vingar-se

Mas ela avisa primeiro
Avolumando nimbos, aglomerando-os
Por cima das nossas cabeças distraídas

É o bulcão a exprimir o seu desgosto
E a sua ira
Antes de nos mergulhar nas trevas

E tudo isto porque eu deixo a torneira a pingar
E não apago a luz quando já dela não preciso
E abro muitas vezes a porta do frigorífico…

Criminoso! O que tu andas a fazer!
Gritam-me. E o escuro bulcão entra em mim
Sou só negrume, só tristeza…

Eu que já ando há tanto tempo numa fase
Lúgubre, de desempregado desesperado,
Doente e sem assistência…

Debaixo do bulcão
Sou alvo de um crime anti-homem
Que alguém vil comete impunemente

Se eu pudesse fazer como a natureza!...
E vingar-me! Desmoronando governos
Em tremores de terra só para eles!...

Não digam nada a ninguém, peço-vos,
Mas vou perguntar ao Vitorino como é
Que ele prepara os bulcões poéticos

Pode ser que eu consiga na base da Poesia
Modificar a fórmula bulcónica
E desagravar os pobres “criminosos” que somos
Tornando logo visíveis os que cometem o crime
de não nos deixar viver em paz com a nossa natureza,
e depois … apetece-me dizer: seja o que Deus quiser!


Alexandre Castanheira
Debaixo do Bulcão poezine
Número 31 - Almada, Dezembro 2007

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quarta-feira, janeiro 16, 2008

Alentejanos de Todo O Mundo:, de Jorge Feliciano - na Cova da Piedade!

O Teatro Fórum de Moura apresenta,
em parceria com a Associação Alma Alentejana, a peça de teatro
Alentejanos de Todo O Mundo: , de Jorge Feliciano
no Salão da COOPERATIVA PIEDENSE, na Cova da Piedade



Dia 18 (Sexta Feira), às 21h, com a participação especial do Grupo Coral Amigos do Alentejo do Clube Recreativo do Feijó.

Dia 19 (Sábado), às 16h, depois do espectáculo acontecerá um debate com Joaquim Avó, Jorge Feliciano e José Catalino.

Sinopse do Espectáculo:
Alentejanos de Todo o Mundo:
Pela primeira vez na história da humanidade, mais de metade da população mundial estará a viver em cidades com mais de cem mil habitantes. Este espectáculo, sustentado num texto original escrito ao longo dos ensaios, fará uma reflexão sobre esta questão, relacionando-a com a realidade do Alentejo onde, desde a década de cinquenta até aos dias de hoje, a população tem migrado em massa para a cintura urbana de Lisboa. Uma visão internacionalista da Posse e Uso das Terras, a Ascenção e Derrube da Reforma Agrária em Portugal e outros temas serão tratados numa perspectiva de futuro. Canções, representação cómica e pintura ao vivo darão forma a problemas que a todos dizem respeito.

Ficha técnica e artística:
Texto, encenação e cenário
Jorge Feliciano
Actores
Andreia Egas, Fernando Moreira, João Farinha, Jorge Feliciano, José Luís Gomes
Arranjos do tema "Ascensão e Derrube da Reforma Agrária"
Luís da Flauta
Som e Luz
Jorge Sales
Design Gráfico
Luís Pedro Raposo
Produção executiva
José Luís Gomes e Andreia Egas
Público-Alvo: a partir dos 12 anos

Teatro Fórum de Moura – Associação é uma estrutura financiada pelo Ministério da Cultura – Direcção Geral das Artes.

Teatro Fórum de Moura - Associação
R. Cardeal Lacerda, 87860/018 MOURA
Tlm: 285 254 464/966 706 036/960 093 269
http://teatroforumdemoura.blogspot.com
Mail: teatrofmoura@gmail.com

terça-feira, janeiro 15, 2008

Novo site: Lusofonia Poética

Mensagem recebida na caixa de correio do bulcão:

«Lusofonia poética é um website de poesia lusófona, nomeadamente poesia portuguesa, moçambicana, brasileira e com principal destaque a poesia Angolana. O objectivo deste website é unir toda a cultura poética dos de origem PALOP.
Neste website o visitante poderá encontrar um conjunto de conteúdos, a nível poético desde a história da poesia aos autores que mais contribuíram para o desenvolvimento da poesia lusófona.
Para as pessoas que gostam de poesia e que nos seus tempos livres dedicam-se a escrever e publicar os seus poemas em websites, blogs e fóruns de poesia, este website tem um espaçado dedicado a estas pessoas. Este é o “espaço aberto” da lusofonia poética em que os membros registados podem enviar os seus poemas e comentar os poemas dos outros membros registados. Esta área, esta dividida por categorias desde Alegria/Felicidade, Amor, Amizade até a tristeza.»

www.lusofoniapoetica.com

Poesia no Fórum Romeu Correia


Quinta-feira, 17 de Janeiro, às 21h:
poemas de Isidoro Augusto
pinturas de Luís Miguel Figueiredo

A dor que se encrava em nós
Pode não ser voluntária
A nossa capacidade de auto-perdão
Fica aquém daquilo que podemos transformar
Os anos que decorrem não contribuem
Para minorar a dor (não fazem senão adensá-la)
Aquilo que não depende de nós (mesmo que queiramos)
Com força arranjar medidas de salvação
Ficam presas nas teias daquilo que por um lado, não
Compreendemos como acontecem, por outro lado, na
obrigatória conformação dos factos
a dor revela-se uma marca em ti (a chave de
teus dias cinzentos acresce àquilo que acontece
um ténue invólucro de peso)
a culpa de ti lutador crispa-se em frustação
daquilo que tu queres aliviar (que te atinge a ti por
segunda via e que atinge a ti por força de quem
afecta)
O saber alivia a dor (tu não provocaste a avalanche).
Ela acontece por probabilidade (atingiu-te a ti)
És o escolhido para ganhar percepção acerca…
A experiência traz conhecimento, quem te dera não
Saber que caminhos da dor existem - se tivessem
Sido ultrapassados, aí talvez. Mas aquela dor que
Não se ultrapassa. É preferível não ter dela experiência.


B.B. Pásion
Debaixo do Bulcão poezine
Número 31 - Almada, Dezembro 2007

Lágrima

A lágrima escorreu-me das faces,
percorreu um espaço limitado
e
esmagou-se no chão:
morreu.

As lágrimas têm pouco tempo de vida,
morrem com facilidade.


António Dâmaso
Debaixo do Bulcão poezine
Número 31 - Almada, Dezembro 2007

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Gerúndio, à sombra da lua.

Dobra-o.Vais baralhar-te.
Gosto de tê-lo às voltas na cabeça.
E se te foge?
Só foge quando a lua mudar.
E a lua?
Tem um brilho estúpido.
Não é brilho, é paixão. Estupidez.
É brilho. Tonteira.
E se me dança?E se me sorri?
Qual é o encanto?
Sorri-me.Dança-me.
Brilho estúpido.
E quando me dança?
E quando me sorri?
Abraça-me. Sossega-me.
No gerúndio, à sombra da lua.



parvoicesminhas.blogspot.com
Joana Fernandes
Debaixo do Bulcão poezine
Número 31 - Almada, Dezembro 2007
À sua beira me cheguei,
trémula e insegura,
vacilei...
De olhos fechados,
devagar e a medo,
avancei...
Por um fugaz instante,
atraída pelo abismo,
julguei a morte desejar...
Mas a tempo recuei,
senti-me outra, renasci
e de alívio até chorei...

Minda
Debaixo do Bulcão poezine
Número 31 - Almada, Dezembro 2007
metoscano.blogspot.com

M

Conheci-o nas ferias pela primeira vez, e não senti nada. Voltei a vê-lo pela segunda e comecei a sentir alguma coisa. Mais tarde vim a saber que era mais do que amizade. Disse-lhe pela net e fiquei ainda pior. Fui falar com ele cara a cara para saber o que sentia, disse que só me via como uma grande amiga. Fui lá para cima chorar o que já estava à espera de ouvir. No fim abracei-o, mas não com a força suficiente. Gostava de o poder voltar a fazer. A única coisa de que me lembro de bom eram as frases com que ficava derretida: “Eu fico na equipa dela”. A coisa má era o desprezo que me desolava ainda mais. Prende-me a ele o M, a terra onde nasceu e a vontade de revê-lo outra vez.

Aprendi a esperar, a amar, a gostar, a olhar, a não desistir. Aprendi a pedir desculpa. Aprendi a dizer amo-te. Aprendi que a vida tem dois dias. Aprendi que não era o fim do mundo. Aprendo que gostava mesmo dele.

Marta Tavares
Debaixo do Bulcão poezine
Número 31 - Almada, Dezembro 2007
martinika2.blogspot.com