Dizer-te que estou louco era mentir
- que eu estou velho demais p'ra endoidecer.
Não posso, pois, dizer que, se partir,
irei morrer de dor por te não ver.
Tão pouco poder-te-ia garantir
que a vida a dois feliz viria a ser;
também não sei (bem sabes!) se o Porvir
nos vai deixar sequer voltar a ver.
Não sei (quem saberá?) se o Amanhã
nos vai trazer delícias ou tormento.
(Da vida, quem conhece toda a lei?)
Mas tenho de jurar-te, alma pagã,
que, se não me mentiste um só momento,
te sinto o Ideal que nunca achei!
Bernardes - Silva
(Nota biográfica
no blog
Poetas Almadenses)
(Em Index Poesis, colectânea de poesia
organizada por Ermelinda Toscano.
Edição O Farol / SCALA.
Almada, Outubro 2006)
segunda-feira, fevereiro 26, 2007
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1 comentário:
O Affonso Gallo, que tem a mania que é camoniano, já me veio dizer que gostou muito deste soneto.
Estranhei foi que, além de carrancudo (bom, isso é costume nele, enfim...) vinha também esverdeado.
Assim à primeira vista, até parecia ser inveja. Mas não, deve ter sido só impressão minha...
A.V.
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