quarta-feira, abril 03, 2013

12 Fevereiro de 2012

… Ao meu camarada Diogo

Tu!

Que me convidaste para ir a tua casa beber um rum
Na primeira noite em que nos conheceste
Que sem preconceito nos convidaste – a nós – para ir a tua casa
Numa campanha eleitoral, numa noite de verão
Fizeste de nós amigos

Tu!

Que me ensinaste que “nós podemo-nos chatear com uma pessoa, mas nunca com o partido”.

Tu!

Que me ensinaste a ver-te sempre vigilante
E a dizer aquilo que alguns pensavam, mas não tinham a coragem de o dizer
E que muitos pensavam ser um acto de vaidade

Tu!

Que visitaste a revolução onde ela acontecia

Tu!

Que pensavas acerca de tantos temas da nossa sociedade com a lucidez
Que muitos, mais jovens não ousariam sequer alcançar

Tu!

Que viste a guerra civil espanhola, e viste os nossos irmãos a serem fuzilados

Tu!

Que viste os fascistas fazendo a saudação nazi

Tu!

Que a bordo do paquete Vera Cruz
Foste à inauguração de Brasília do Niemeyer


Tu!

Que me fizeste duvidar da expressão “alma”
Sempre que em festas não cantavas essa palavra

Tu!

Que as tuas cinzas voem e
Que no solo mais fértil da nova era pousem!



B.B. Pásion
Poemas da saudade



em
Debaixo do Bulcão poezine
N.º 41 - Março 2013

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