quinta-feira, julho 15, 2010

C'est fini la poésie...


As paredes do qurato púrpura transformaram-se em telas vivas, vestidas de pinturas impressionistas. Acordei ao som de uma melodia floral, encaixada num canto de um salão de chá vitoriano, com segredos escondidos debaixo das saias das donzelas. O piano soltava notas com cheiro a alfazema, que esvoaçavam no ar como se fossem as última folhas secas do princípio da primavera... Os violinos ensinavam o caminho para o paraíso suicida. Era um cenário perfeito. A última fantasia de uma virgem aprendiz de feiticeira.
Aumentei o volume, e a orquestra estava ao meu comando. A música colou-se ao momento, fiz amor com o piano e casei-me com o maestro.
Puro incesto musical. Não faz mal, a banda sonora não tem memória visual.


Catarina Henriques

http://algodaonegro.blogspot.com/

Debaixo do Bulcão poezine
Número 30 - Almada, Verão de 2007

Sem comentários: