domingo, novembro 04, 2007

Saudade

à memória de meu amigo Barros que foi e nunca se pronunciou

1
Oh! Como eu gostava de voltar à Realidade...
Tanto que eu gostava de voltar à Realidade...
- Mas como?! – Não tenho meio de transporte!
Tanto que eu gostava de visitar a campa de um tijolo,
meu amigo,
sepultado lá... na realidade!
Mas não posso, não tenho meio de transporte!

Era um bom tijolo. Chamava-se Barros,
era banco e mesa na minha pequena casa.
Um dia convidei Deus para jantar na minha pequena casa,
Barros não aguentou com a divindade e, desfez-se em pedaços
no coração da minha pequena casa.
Por isto, o sepultámos na Realidade...

2
-Não! Ninguém voltará!
Diz uma lei qualquer da “Constituição da Natureza”.
- Mas eu sou real, nasci lá!
- Real sou eu!
responde-me o rei, e eu pergunto:
- Quem mais ama a pátria que o Exilado?
e o Sol responde. O Sol responde a tudo.
É o maior amigo que tenho aqui onde estou,
no Mundo em que as estrelas do mundo real
são os candeeiros duma cidade.


João Rato
reidosleittoes.blogspot.com

1 comentário:

Madalena Barranco disse...

Olá João Rato, ao ler teu poema me transportei para a fantasia e li uma história de fadas (na exata definição de Tolkien - como gênero literário de fato)onde o tal de barro de que seríamos feitos ganhou vida em interessantes versos. Eu escrevi um conto onde o o personagem é Sr. Barros e também tem tudo a ver com tijolos!! Beijos.