terça-feira, setembro 28, 2010


Citadino selvagem decidiu queimar
Todas as suas cartas
Enredadas em eufemismos de si:
Castas articulações de pós piedade que,
Após terem esganado muitos doutos flamingos,
Dá-vos destas
Ofegantes tremuras dentro da distância
Entre bruxas e arcanjos
- oh criaturas de labor descalço
viajando na fantasia mas sempre
com o coveiro às cavalitas -
sejam sabedoria de despropósito literário
nesta batedeira part-time sobre dádivas
- concessionário de comissuras
jamais premeditadas -
verga gaga e gabarolas;
chagas derrapadas à deriva
na parceria da polpa dum
alento morno e aconchegante;
com os lençóis todos descompostos como combinado
pela morbidez de tantos bocados de beijos
imbecilmente inertes
- retalhos de recordações -
no abismo da juventude
outrora viciosa,
outrora moribunda,
outrora dum limão sentimental e repugnante;
como singelo tumor cor de autópsia
- peripécias do desenrasca
a anis, cobalto e crude
quando dois corpos feitos mundo
decidem diluir-se nesta história.


Salmonela Pintassilgo


Debaixo do Bulcão poezine
Número 38 - Almada, Setembro 2010

(Ilustração de André Antunes)

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