domingo, fevereiro 28, 2010

Tributo a Almada, de Alexandre Castanheira


(...)

Quando Almada adormece
e a Torre da casa-mãe do Município
se desprende da turbulenta luz do dia
que ali encaminhara cidadãos
em busca dos pareceres necessários
de quem governa a cidade

A magia associativa coloca imaginárias velas
(Incríveis!)
sobre as velhas e roídas pedras das ruas de antanho

Servem para iluminar culturalmente
sociedades
academias
clubes
procurados vai já para dois séculos
por homens e mulheres que recusam ficar à parte do progresso
e decidiram não viver só às ordens de leis
decretos
e despachos
que não fizeram nem pediram

Eles querem conhecer saberes
e saber aplicá-los
a melhorar a vida de todos os dias
a desenvolver o espírito - dizem uns
a alma - dirão outros
para poderem abandonar conscientemente
os atalhos oferecidos sem saída
e caminhar firmemente pelas vias da liberdade


(...)


Alexandre Castanheira

em
Tributo a Almada (Assim aprendi a olhar Almada)
Edição Poetas Almadenses - caderno n.ª 78 da colecção Índex Poesis
(capa: grafismo de Jorge Figueira;
imagem de Albino Moura,
"Almada ontem e hoje", óleo sobre tela)

1 comentário:

Madalena Barranco disse...

"Almada" é um nome profundo... Com esse poema me deu vontade de conhecer essa cidade tão singular e poética. Beijos.