terça-feira, janeiro 15, 2008

A dor que se encrava em nós
Pode não ser voluntária
A nossa capacidade de auto-perdão
Fica aquém daquilo que podemos transformar
Os anos que decorrem não contribuem
Para minorar a dor (não fazem senão adensá-la)
Aquilo que não depende de nós (mesmo que queiramos)
Com força arranjar medidas de salvação
Ficam presas nas teias daquilo que por um lado, não
Compreendemos como acontecem, por outro lado, na
obrigatória conformação dos factos
a dor revela-se uma marca em ti (a chave de
teus dias cinzentos acresce àquilo que acontece
um ténue invólucro de peso)
a culpa de ti lutador crispa-se em frustação
daquilo que tu queres aliviar (que te atinge a ti por
segunda via e que atinge a ti por força de quem
afecta)
O saber alivia a dor (tu não provocaste a avalanche).
Ela acontece por probabilidade (atingiu-te a ti)
És o escolhido para ganhar percepção acerca…
A experiência traz conhecimento, quem te dera não
Saber que caminhos da dor existem - se tivessem
Sido ultrapassados, aí talvez. Mas aquela dor que
Não se ultrapassa. É preferível não ter dela experiência.


B.B. Pásion
Debaixo do Bulcão poezine
Número 31 - Almada, Dezembro 2007

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