01
álea de cimento.vegetação coerente
os olhos estão fixos na ravina
minha precária materialidade.
espelho turvo. a face exposta a todos os perigos
altercamos com a palavra dos vermes,
súbito silêncio.
10
dez vezes te resgatei a pele e no entanto
nenhuma destas pedras chega para
compensar o vício da ficção científica que absorves
às cinco e meia da tarde para fugir à tentação
da verdadeira molécula do cio.
11
desculpa-me pequena ave de rapina
a cidade é difícil para verter literatura
enquanto
álea de cimento. vegetação coerente com
o teclado em que aprendeste a simular a guerra.
António Vitorino
Debaixo do Bulcão poezine
Número 1 - Almada, Dezembro 1996
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