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quinta-feira, setembro 18, 2008

Alguém






Houve um dia, em que alguém existiu, deixou
marcas que seriam reconhecidas.
Isolou-se, maltratou o seu corpo.
Abafaram-se gritos perdidos, no escuro de um
quarto velho, onde só já existem paredes com
reflexos de sujidade, e onde existiu em tempos
vidros quebrados das janelas, hoje não existe
abertura para o exterior.
Pelo chão, vestígios de raridades que deram
algum significado a vidas, a corpos diferentes.
Realidades essas, que foram a razão da
existência de alguém.
Alguém que esqueceu a procura, a novidade.
Isolamento é uma opção feita por uma saturação
das fobias, esgotadas as ideias que um dia seriam
desinfectadas.
Houve um dia que não existiu, de alguém que não
se maltratou, de alguém que não se isolou, no fim
não se matou.
Até... talvez não...





Lélé



Debaixo do Bulcão poezine
Número 5 - Almada, Setembro 1997

segunda-feira, setembro 24, 2007

Pedras na calçada

Caminhei sempre, sem parar...
Sem parar... não... agoro me recordo, talvez parasse uma ou duas vezes, talvez...!
Tudo dei, e nada dei.
Tudo tive, e nada tive.
Talvez o meu olhar fosse tão apático... até... demasiado apático...!
Ao longe, alguém me seguia com o olhar... no olhar!
Alguém, algo, que me perseguia na monotonia, dos dias, das noites.
Sozinha...
Mas eu nunca estive sozinha...
Tu estiveste sempre comigo!
Triste... disseram-me um dia!
Como...? Possível como...?
Se eu não quero!
Morte... medo, como?
Se eu não a temo...!
Medo...? Não...!!!
Dor...! Só dor!
Pensar que um dia te destruirão...
Destruirão, as minhas pedras na calçada... as minhas
companheiras, as minhas confidentes...
Pisadas por tanta ignorância...
Demasiada ignorância!!!

Lélé

Debaixo do Bulcão poezine
Número 10 – Almada, Setembro 1998

segunda-feira, julho 23, 2007

O vinho dos enforcados

Corre o vinho dos enforcados, ele não cessa de correr...
Vinho esse tão amado por uns, tão rejeitado por outros, tão criticado...
Tanta ambição... tanta...
Para quê?
Para quê, tanta rejeição, tanta crítica...?
Somente isso...
Eles não se perderam... não...
Libertaram-se... só se libertaram...
Já de nada servem os longos caminhos, as ruelas...
Sempre os mesmos... sempre...
Sim... ele tentou comunicar comigo... tentou...
Os mesmos olhos, a mesma expressão, tão terna... tão triste...
Olhos esses... tão meigos...
Quando os voltarei a encontrar...?
Onde...?
Hoje, bebo aos meus amores...
Hoje mesmo... talvez... eles bebam a mim...
Ambos... bebemos aos nossos amores...
Talvez... te possa prometer... talvez... que não me vou perder... somente libertar...!!!
Mas... hoje... bebo aos meus amores...!!!


Lélé






Debaixo do Bulcão poezine
número 4 - Almada, Julho 1997