Que mais...
Resta a palavra nua
o predicado acomodado,
o verbo por conhecer,
alimento precário,
substantivo aleanado.
Fénix anilhada
ilusão de liberdade mental.
Que mais...
Trinta gramas de mim
Taje Mahal em derrocada
pira fúnebre incendiando o Tejo
Rituais sem sentido,
sentido de ritual perdido.
Que mais...
A lua na palma da mão
e um céu carregado no peito.
Sonegar o sono e sonambulo
deambular pela vida.
Que mais..
Viajante mendigo da palavra
inimigo feroz.
Atrocidade nascida de
um coito mal parido
Que mais...
A esperança numa prisão
de chagas em caminhos
de neon e vias lácteas
cinematográficas.
Que mais...
Mais um pouco
mais dois passos para trás
de olhar fixo,
vitreos olhos de alma aberta,
correntes de ouro na mente
e espezinhando sonhos o
infinito grita
Que mais...
Mais um poema sem valor.
Não existem sonetos de amor
só alarmes de desejo
alertando a solidão
A solidão viola
A solidão medita
A solidão escreve
A solidão aclama
Que mais...
A sanidade vendida
em embalagens farmacéuticas.
A abolição da vontade
a liberdade na instituição
bancária mais próxima de si.
Que mais...
António Boieiro
(foto do blog
Poetas Almadenses)
publicado em Debaixo do Bulcão poezine
número 30 - Almada, Junho 2007
quarta-feira, julho 04, 2007
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