terça-feira, julho 24, 2007

Assim assim



Estou ainda quase assim assim...
Filete de neurose, omelete de drama
E se nos esquecermos de ti, avisamos,
quando nos lembrarmos...
Estou no ponto a picar o ponto.
Beber cascalho e fumar goladas.
Comer Nestum e dizer piadas.
Morrer à sede e não matar nada.

Mas quero poder decidir
sem que ninguém comente,
o comentário comedido,
pensado duas vezes quatro,
antes de ser tabulado,
na tábua do que foi dito,
está tanta certeza destruída e
tanta mentira vencida.

No dito e desdito, esses actos calibrados,
que são como manchas de óleo no alcatrão,
ou pinceladas nos quadros.
Insuportável peso de ser,
Ser a haver no dever...

Diz-me que é bom demais para se controlar.
Diz-me que não é verdade, mesmo que seja.
Diz-me qualquer coisa que eu oiça.
Diz-me que largas os teus dias
para abraçares as minhas horas.
Diz-me que o amor não é só quatro letras...

João Gomes
Debaixo do Bulcão poezine
número 22 - Almada, Junho 2003

2 comentários:

Madalena Barranco disse...

Adorei o jogo de palavras, que vai de uma omelete de sentimentos até bem cuidadas e contemporâneas estrofes. Parabéns ao João Gomes!! Abraços.

Debaixo do Bulcão disse...

É. O João Gomes está de parabéns. O poema é bom, e ser elogiado pela Madalena Barranco não é coisa que aconteça todos os dias!