No Egipto, as bibliotecas eram chamadas “Tesouro dos remédios da alma”. A importância dada à leitura era, para os egípcios, algo de muito precioso na formação intelectual e social do seu povo.
Ao reflectirmos sobre as políticas que têm sido implementadas no nosso país, facilmente chegamos à triste conclusão que não será fácil afastarmo-nos do pódio dos países europeus com menores índices de leitura.
Segundo a APEL – Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, editam-se por mês mil livros, sendo na sua maioria edições de autores ou de instituições que sequer chegam ao mercado do livro.
Ao sermos artífices da escrita e também, por vezes, editor das nossas próprias obras, julgamos que tudo isto se deve à difícil acessibilidade por parte dos escritores menos mediáticos ao obscuro e até, por vezes, pantanoso circuito editorial.
Para o mercado, é mais vendável um livro da chamada literatura “cor de rosa”, do que um livro de poesia ou um ensaio sobre história local. Ou seja, é preferível encher os escaparates com “livros ocos” das vedetas do Big-Brother, ou da Quinta das Celebridades, do que pôr à disposição dos leitores obras de utilidade para a sua formação.
Este conceito leva-nos ao pensamento do filósofo alemão Friedrick Nietzsche que a respeito da importância dos livros, dizia: “Os leitores extraem dos livros, consoante o seu carácter, a exemplo da abelha ou da aranha que, do suco das flores retiram, uma o mel, a outra o veneno”.
O incentivo à leitura, passa por um permanente investimento na preservação das próprias raízes históricas e na restruturação dos conceitos de políticas de apoios, não se esquecendo os mais jovens leitores.
A urgente existência de bibliotecas em todas as escolas do ensino primário, onde para além dos autores portugueses curriculares, deveriam também ter um espaço destinado às obras de cariz local, importante fonte de cultura e saber.
Nesta última vertente, é digno o contributo de algumas autarquias – caso do nosso município – que mesmo sendo vítimas de cortes na “Lei das Finanças Locais”, têm desempenhado uma importante contribuição à leitura e à divulgação de novos valores, com o apoio e edição de obras de autores locais.
Creiam caros leitores, que ler é fazer amigos, rodearmo-nos de pessoas fascinantes, a quem se tem acesso sem bater à porta; bastando apenas que voltar uma página e emergir no imaginário mundo da escrita e quem sabe se a partir desse momento, não iniciamos uma nova era na nossa vida.
Artur Vaz
Escritor e jornalista almadense
(Crónica publicada no semanário
"Notícias de Almada")
sexta-feira, junho 08, 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
10 comentários:
Meu tão querido amigo, companheiro de blog e poeta Artur Vaz,
Aplaudo em pé essa sua crônica sobre a necessidade cabal em investir na leitura, (com maestria fez uma explanação brilhante). Um povo só se faz com educação (no sentido mais abrangente da palavra), educação entende-se também como formação, sem os livros que são pilares para a nossa formação nada somos, pois através destes é que temos conhecimento da história do nosso país, do mundo, dos fatos que fizeram a história.
Atualmente há pelo avanço tecnológico uma facilidade imensa em ter acesso aos livros, através da internet. Inúmeros sites disponibilizam gratuitamente as grandes obras para download, porém percebo no Brasil um pleno descaso pela leitura, haja vista o empenho que você acompanha em trazer para o nosso blog obras importantes, sempre com a devida referência. Quando escrevi sobre Maiakovski, que foi um poeta que influênciou toda uma geração de poetas brasileiros, quiça do mundo, poucos se manifestaram. O mesmo ocorreu em um post sobre o maior movimento cultural ocorrido no Brasil, séc. XX, "A semana de arte moderna" em 1922, se hoje nós brasileiros temos arte própria devemos aos modernistas.
A literatura é uma necessidade vital, pois é fonte de
aprendizado e através deste é que adquirimos consciência para todos os atos. O Brasil sofre uma carência generalizada de leitura, em todas as camadas sociais. Sempre acreditei que sem o conhecimento jamais teremos consciência sobre a ética, sobre os valores, direitos e deveres, pilares necessários para a formação do ser humano.
Mais uma vez meu querido amigo, lhe parabenizo por essa magnífica crônica que é quase um grito no anseio de que a literatura tenha o papel importante que merece, bem como o acesso. E que todos nós, com discernimento, possamos conduzir as novas gerações para o hábito da leitura e o valor incomensurável que esta possui.
Beijos,
da amiga e admiradora,
Dani
O investimento na leitura daria pano para muitas mangas, caro colega e amigo Artur Vaz. São este tipo de escritos que nos fazem pensar e que recordo uma colega das tertúlias poéticas, que um dia me disse, "Alhinho, investi na poesia e fali". Eu sempre afirmei que investir na arte da escrita nunca se vai à falência, deixamos um espólio para as gerações vindouras que acredito se orgulharão de nós. Somos os sofredores do silêncio e até nos sentimos bem. Temos o orgulho de sentirmos e vermos as "coisas" de forma diferente, por isso somos uma massa cujo etiqueta não tem data de caducidade. Mestre e amigo, as suas preocupações em relação ao seu trabalho neste site, também são minhas e subscrevo tudo quanto aqui afirma sem tirar sequer uma vírgula. Aquele abraço com sabor a muita cumplicidade literária.
Jornalista Maneta Alhinho
Caros Vítor Antunes e caro "anónimo": não sei se repararam, mas estão a escrever numa caixa de comentários que se refere a um artigo de Artur Vaz, e não ao jornalista Maneta Alhinho.
Além disso, este é um blogue de divulgação literária e de um projecto editorial.
O senhor Maneta Alhinho tem todo o direito de comentar o artigo do sr. Artur Vaz.
Comentar um comentário é que já me parece algo excusado. Principalmente no contexto deste blogue. (E com a linguagem aqui usada pelo "anómnimo", então chega ser de mau gosto...)
Assim, respeito as vossas opiniões (o que não significa que as subscreva, obviamente). Mas peço-vos que as expressem, se entenderem que o devem fazer, em sítios mais apropriados.
Cumprimentos do administrador deste blogue, e coordenador do projecto editorial Debaixo do Bulcão,
António Vitorino
Sr. Vitorino acho que é uma tristeza admitir a publicação destes comentários, dado que o critério é sempre seu. Então dizessem vergonhas sem qualquer fundamento só para destruir um jornalista e o senhor publica sem se certificar da verdadeira dos factos aqui imputados? Nossa, essa não é a verdadeira essência do jornalismo, devemos ouvir as duas partes e não deixar publicar comentários injuriosos. Agora suponhamos que eu diria que o Sr. roubou a Rádio de Almada aquando da sua passagem pela estação. Gostaria? Se calhar já não vai publicar este comentário e vai ficar afinado comigo. Coloque-se na posição do colega Maneta Alhinho, homem que conheço há anos e com o qual aprendi muito quando passou pela Radio Seixal como Director. Aliás, este homem é demasiado honesto para ser beliscado e ofendido por pessoas que alguma intenção têm para o humilhar assim tanto. Lisete Dias - Almada
ORA BEM:
Eu não tenho o hábito de eliminar comentários. Não quero ser censor de ninguém.
Acontece porém que alguns "anónimos" decidiram que podiam brincar à vontade neste blogue com a reputação dos outros. E não podem, não senhor.
Portanto, a partir de agora, comentários só de utilizadores registados, e depois de aprovados por mim.
Tenho muita pena mas, face a meninos tão mal comportados, parece ser a única maneira de não ter aqui por estas bandas mais lixo.
Se quiserem brincar às peixeiras (e as peixeiras que me perdoem, se puderem...) sabem muito bem que existem outros sítios na internet muito mais adequados para o fazerem.
Quanto à sra. Lisete Dias, mantenho o seu comentário para lhe explicar o seguinte:
- num blogue como este (com as regras que este tinha, até agora) os comentários não eram filtrados. As pessoas escreviam e só depois eu ia ver o que lá estava escrito.
Era esse o meu critério. Acredito (acreditava..) que quem vinha aqui era gente crescidinha e bem formada.
O critério resultou até agora.
"Uma tristeza", cara senhora, é ter de censurar, doravante, as opiniões que aqui são manifestadas.
Por último, deixe-me lembrar-lhe (ou informá-la, caso não saiba) que, nos vários órgãos de comunicação social por onde passei (Rádio Baía, Voz de Almada, Sul Expresso, Jornal da Região, Sem Mais, Jornal D'Hoje, País Económico, Notícias da Zona... e julgo que não me esqueci de nenhum) ninguém sentiu a necessidade de me dar "lições" de jornalismo. Olhe que bem pelo contrário!
Mas, como é fácil de entender (suponho eu que é fácil), o que está aqui em causa não são critérios jornalísticos. Isto é um blogue de divulgação literária, de um projecto chamado Debaixo do Bulcão, nascido em Dezembro de 1996, na Casa Municipal da Juventude de Almada, e que se mantém em actividade até aos dias de hoje.
Não é, portanto, jornalismo: é poesia!
Estamos entendidos?
Cordiais saudações,
António Vitorino
Enviar um comentário