segunda-feira, maio 07, 2007

Sonho atávico

recorres à panaceia que te dá o tempo:
memórias esbatidas em azul. sem peso,

ponderas se ainda o mistério se pode colher

na árvore da sabedoria.

apenas um momento? ou dormir perto do mar

um sonho atávico... (fímbria de espuma?, pensas).



António Vitorino
(Outubro 1997, poema inédito)

Obs: Este poema foi composto com recurso a um método semelhante ao "jogo dadaísta" sugerido por Tristan Tzara. Neste caso, as palavras não eram aleatórias: faziam parte de uma lista de vocábulos pré-estabelecidos pelo autor, escritos em tiras de papel e metidos num recipiente. A aleatoriedade do poema consiste então na ordem arbritrária pela qual as palavras iam "saindo". No entanto, não se trata aqui de copiar simplesmente as palavras. Elas apenas "sugeriam" a estrutura do poema, que foi completado com recurso a outros vocábulos, de ligação. Por exemplo: "memórias", "azul" e "peso", sugeriram o verso "memórias esbatidas em azul. sem peso". Experimentem. É fácil e ajuda a aumentar o vosso acervo de bonitos (e infinitamente originais...) poemas.

1 comentário:

Debaixo do Bulcão disse...

Onde se lê "arbritária", deve ler-se "arbitrária". Foi um erro de digitação (ou, se preferirem, uma gralha).

A.V.