Só eu fiquei
aqui parada
na noite agreste
desesperada.
Só eu fiquei
de pedra e mar
com este búzio
no meu olhar.
Só eu fiquei
de sal e bruma
com este canto
feito de espuma.
Feito de espuma
feito de nada.
sou a criança
inconsolada.
aqui parada
na noite agreste
desesperada.
Só eu fiquei
de pedra e mar
com este búzio
no meu olhar.
Só eu fiquei
de sal e bruma
com este canto
feito de espuma.
Feito de espuma
feito de nada.
sou a criança
inconsolada.
Maria Rosa Colaço
colectânea de poesia organizada por Ermelinda Toscano.
Edição SCALA. Almada, Março de 2006)
Maria Rosa Colaço
(N. Torrão, Alcácer do Sal, 19/09/1935 - f. Lisboa, 13/10/2004):
Maria Rosa Parreira Colaço Malaquias de Lemos formou-se em enfermagem pelo Instituto Rockfeller. Tirou posteriormente o curso de Magistério Público. Em 1959 foi colocada como professora numa escola primária de Cacilhas, passando a residir em Almada, inserindo-se de imediato na vida cultural da vila, com destaque para a tertúlia artística do Dragão Vermelho, que realizou em 1960 a 1a Exposição de Poesia Ilustrada, da qual fez parte. Dois anos depois partiu para Moçambique onde leccionou durante cerca de dezasseis anos e exerceu em simultâneo a actividade jornalística nos seguintes jornais: Notícias da Beira, Notícias de Lourenço Marques e Voz de Moçambique. Em 1977 regressou à nossa cidade, deixando novamente a sua marca nos meios culturais e associativos de Almada. Colaborou com alguns escritores galegos, na Universidade de Vigo. Foi assessora da RTP, no Departamento de Textos e Criação Literária, e colaboradora da revista Máxima e dos Diário de Notícias, Diário Popular e A Capital, onde manteve uma crónica semanal no jornal, durante vários anos. A Antologia A Criança e a Vida, um best-sellers que já atingiu a 40.â edição, projectou-a a nível nacional e internacional, apesar da primeira edição ter sido destruída pela PIDE; foi traduzida em francês, catalão e inglês; foi tema para um bailado numa universidade, no Brasil, e tese de doutoramento de uma professora, em Cuba. Como poetisa viu os seus poemas serem gravados pêlos Trovante, Coro de Santo Amaro de Oeiras, Paulo de Carvalho, Luisa Basto, João Fernando, Samuel e Sérgio Godinho, entre outros. Detentora de vários prémios literários, em 1994 recebeu a Medalha de Ouro de Mérito Cultural, da Câmara Municipal de Almada. Na sua terra natal existe uma rua com o seu nome e na Quinta da Alembrança, Feijó, é patrona da escola primária localMaria Rosa Colaço
(N. Torrão, Alcácer do Sal, 19/09/1935 - f. Lisboa, 13/10/2004):
Fonte: "Gente de Letras com Vínculo a Almada", edição SCALA. Almada, Dezembro de 2004
Fotos da autora retiradas do blogue
1 comentário:
António, enquanto a Maria Rosa fala em linda poesia sobre "criança desconsolada" por aqui comemoramos o "Dia da Criança"... Primeiro de junho também é uma data propícia para homenagear a eterna criança que vive em nós e por que não dizer: todos os dias?! Querido amigo, emocionei-me com seu comentário em meu bloguinho, que conta sua história de amor com os bêdês (eu também não conhecia essa graciosa expressão. Obrigada e até breve. Beijos.
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