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Vens ao meu jardim
ao meu retiro de aves e pensamentos
colher da Tua mirra com tuas mãos cobertas
de orvalho: comer Teu leite e mel
oh corpo que estendes as águas oh Senhor do sol!
Olhas-me e a chuva sobre as casas
cai no espaço fluido do mundo...
Oh eu sou às vezes nevrálgico como um sono sem sonhos...
Tenho sede de Ti! Como o veado a gazela
suspiram pelas cordas de água nas montanhas...
Teus mistérios são harpas: as músicas do futuro
num vale ao longe - em Ti
aprendi a morrer...
(Nos plátanos da estrada
- círculo oval palidamente fechado
nessa elipse vegetal do vento -
não foram ainda dispersas as amarelas folhas
E uma luz tímida enche agora a tarde
Quem sabe ela virá achar-me os cabelos
se eles ficarem cinza pela terra...)
E vejo as Tuas mãos no repouso
de mim: pois Tu me gravaste na Tua carne
Meus muros estão sempre perante Ti
Meus olhos são húmidos perante as linhas nocturnas
Mas Tu
Tu ficas e andas com os Teus pés
no meu jardim como no olho da tempestade...
António José Coutinho
Debaixo do Bulcão poezine
Número 20 - Almada, Dezembro 2002
domingo, dezembro 27, 2009
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