Caminhava pela rua, quando descobri uma fila de ratos,
a bom correr, assustados...
Uns bons metros à frente descobri um clarão de luz e uma multidão,
que parecia sôfrega. Pensei: «talvez estivessem a dar alguma coisa...»
Fui-me aproximando e desviando de carros grandes, escuros,
com estofos de pele, conduzidos por choféres com bonés de porteiro,
dos hoteis estrelados que se encontram nos filmes.
Comecei a notar um cheiro esquisito no ar, pouco agradável.
À minha frente já era possível ver uma passadeira vermelha (são sempre vermelhas, porque será?) e um desfile festivo de mulheres bonitas e elegantes,
cujos sorrisos e colares ao pescoço brilhavam com os holofotes, com vestidos nocturnos multicolores, curtos em cima, compridos em baixo.
Davam as mãos a uns tipos de laçarote, género actor secundário, também sorridentes e orgulhosos, das suas damas de companhia.
E o maldito cheiro tornava-se cada vez mais desagradável...
Não sabia o que se passava, aquela gente fina e bonita,
que governava empresas, cidades, ministérios, jornais, televisões, bancos,
não podia cheirar mal, além dos banhos de imersão, tomavam banhos secos com os perfumes de Paris...
Mas cheirava mesmo mal e não era eu!
Antes de voltar costas àquele espectáculo deslumbrante, pensei:
«talvez o cheiro nauseabundo que me inundava as fuças só pudesse ser detectado, por ratos de esgoto..».
Luís Milheiro
http://www.casariodoginjal.blogspot.com/
a bom correr, assustados...
Uns bons metros à frente descobri um clarão de luz e uma multidão,
que parecia sôfrega. Pensei: «talvez estivessem a dar alguma coisa...»
Fui-me aproximando e desviando de carros grandes, escuros,
com estofos de pele, conduzidos por choféres com bonés de porteiro,
dos hoteis estrelados que se encontram nos filmes.
Comecei a notar um cheiro esquisito no ar, pouco agradável.
À minha frente já era possível ver uma passadeira vermelha (são sempre vermelhas, porque será?) e um desfile festivo de mulheres bonitas e elegantes,
cujos sorrisos e colares ao pescoço brilhavam com os holofotes, com vestidos nocturnos multicolores, curtos em cima, compridos em baixo.
Davam as mãos a uns tipos de laçarote, género actor secundário, também sorridentes e orgulhosos, das suas damas de companhia.
E o maldito cheiro tornava-se cada vez mais desagradável...
Não sabia o que se passava, aquela gente fina e bonita,
que governava empresas, cidades, ministérios, jornais, televisões, bancos,
não podia cheirar mal, além dos banhos de imersão, tomavam banhos secos com os perfumes de Paris...
Mas cheirava mesmo mal e não era eu!
Antes de voltar costas àquele espectáculo deslumbrante, pensei:
«talvez o cheiro nauseabundo que me inundava as fuças só pudesse ser detectado, por ratos de esgoto..».
Luís Milheiro
http://www.casariodoginjal.blogspot.com/
em Debaixo do Bulcão poezine
Número 32 - Almada, Março 2008
1 comentário:
Olá António, esse poema de Milheiro possui um controvertido e duplo sentido... Que pode enveredar pelo social e por que não dizer também: pelo fantástico! Parabéns ao poeta. Abraços.
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