quarta-feira, março 19, 2008

Polvo Bandido


A batalha é suja e o inimigo é matreiro
Esconde-se qual cordeiro em cada esquina
Carburando sem parar o sorrateiro
Respira vapores de enxofre e parafina

Monstro verde que nos aperta a garganta
Embalado por oito bites de magia
O diabo esfrega os coutos de alegria
Conta as almas estripadas pela banca

Oleado com os saques da refinaria
Avança, pára e segue em frente
Afia as unhas untadas de ganância, o bandido
Chupa-nos o sangue e bebe-o ainda quente

Nada nos fará escapar à sorte
Vergados do nascer até à morte
Aglutinados na quotidiana letargia
Submissos numa espécie de diz que é
Rastejamos e já não nos temos de pé
Embriagados por licores de anestesia

Não queres mas compras não precisas mas levas não gostas mas pagas não falas mas cagas não choras mas gritas não comes mas bebes não fodes mas bates não pensas mas fazes não lutas mas dormes não lutas mas dormes não lutas mas dormes não lutes, dorme



Miguel Nuno 08
http://www.wiguelnuno.blogspot.com
Debaixo do Bulcão poezine
Número 32 - Almada, Março 2008

1 comentário:

Madalena Barranco disse...

António, a poesia de Miguel Nuno é criativa e me fez até visualizar a violência que assola o mundo através do "monstro verde" e seus "oitos bites de magia". Parabéns pela originalidade e força da mensagem poética. Beijos aos dois.