sábado, agosto 15, 2009
Fados no Ginjal
Todas as sextas-feiras eram santas e de fé
Para aquele grupo de amantes de cigarras
Que se juntava nos bancos do Cais Sodré
Com saudades do trinar das guitarras
Antes da meia-noite rompiam para o cais
Preparados para entrar na noite fria
Deixando para trás os cantos habituais,
Do Bairro Alto, Alfama e Mouraria
Assim que se juntavam no porão
Começavam logo a animar o pessoal
Troteando pedaços de fado e de canção
Transformando a viagem num arraial
De todas as vozes quentes e afinadas
A única que destoava era a do Xico Maravilhas
Que deixava escapar grandes gargalhadas
Com as suas caldeiradas de Cacilhas
Assim que viam aproximar-se a luz do Farol
Interrompiam o canto e a diversão
Davam descanso à voz de rouxinol
Debaixo dos aplausos de admiração
Sabiam que os retiros quentes do Ginjal
Esperavam-nos de braços abertos
Como se aquelas sextas fossem um ritual
Onde havia de tudo, até encontros secretos
Luís Milheiro
http://casariodoginjal.blogspot.com/
Debaixo do Bulcão poezine
Número 36 - Almada, Julho 2009
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1 comentário:
Não sei dizer porque, mas este poema do Luis me remete à saudade boa que permanece indelével no coração.
Abraços.
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