quarta-feira, novembro 19, 2008

As memórias das memórias...


Não nunca me esqueci de ti... escondes-te e apareces nas manhãs da minha memória, despertas-me através de cheiros, de sons e de sensações.

Quantas vezes de julgo perto, tal e a certeza da tua presença.

Invades o meu pensamento por incontrolável tempo, levando-me a viajar por locais sem nome nem localização no mapa, os nossos corpos fundem-se na eternidade do momento, são almas separadas sem rasto ou sem retorno...

Apagas-te e recrias-te consoante o momento, as vezes penso que te conheço, quando noutras me pareces tão distante.

Acorda-me deste medo de te perder para sempre. Por que ruas tenebrosas caminhas tu. Dá-me um mapa da tua caminhada, marca um ponto de encontro comigo num cruzamento viável.

As palavras de nada servem, ate tu própria já mo disseste, por isso dá-me a oportunidade de partilhar um momento contigo e ajudar-te na escolha do caminho da incerteza... porque toda a escolha e incerta...

Lembra-te de ti, e do que eras a pouco tempo atrás, dos sonhos e projectos que tinhas... ou será esse o teu problemas?

Os fantasmas memoriais pregam-nos sustos a todos os instantes, cabe-nos a nós tentar combate-los, por vezes diariamente. Embora a vitoria dessa batalha não ser eterna, é uma bengala que nos ira ajudar a apoiar-se noutras batalhas contra outros fantasmas e muitas das vezes com os mesmos fantasmas, supostamente já vencidos.

Lembra-te que o caminho da certeza é e será sempre uma incógnita.

Há um desgasto e uma fusão de conceitos aparentemente ténue mas que marca profundamente a sociedade em que vivemos, o conceito de certo e errado andam ligados como o amor e o ódio…

Somos uns renegados da sociedade actual, a que tanto acredita na suposta democracia imposta e na igualdade de direitos e de raças... nem preciso de continuar a comentar o resto, basta olhar a nossa volta.

Por isso segue o teu instinto, mas com cuidado com o andamento que tomas, da sempre a margem da possibilidade de recuar.

Já chega de ruas de sentido único e de paragens obrigatórias... nada e obrigatório ate tu o decidires como tal. O meio influencia em demasia a personalidade do individuo, poucos são aqueles que conseguem lançar-se para as linhas de fogo.

Quero reencontrar-te... por onde andas tu???


Marisa Sá - Luso

Debaixo do Bulcão poezine
Número 34 - Almada, Outubro 2008
(Foto de Rui Tavares)

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