Passo a passo amo os regressos cinzentos,
como a pele dum céu dormente.
Tempo após tempo sabemos que tudo se devolve,
mas temos de crescer, e
tens de chorar, e
nada se arrasta à superfície do gesto.
E posso sentir um dos meus passos vegetar,
frio como sangue coagulado,
envolto numa grade de fumo,
lento como um rito funerário.
Dentro de ti a chuva molha os retratos ao fundo,
procuro pelos cantos a minha viagem preferida.
E era só isso, leve fase superficial,
o riso mudo dum péssimo dia.
Senta-te, eu desligo, ou apaga por agora as lágrimas...
Habitar algures entre as folhas,
contemplar a silenciosa liberdade,
chorar amanhã o florir ressequido do dia,
abrir no silêncio as espirituais asas da noite
sobre os campos verdes de oakwod,
até levitar nas cores resíduos ácidos, despertos...
Dão por mim a tentar, mas
o vizinho interrompe e chama a polícia.
Dormir agora, os olhos traem: será tempo de gritar?
Foi sempre tempo, e
não ouvíamos, e
era a nossa vez, regressar da fuga para longe...
Número 4 - Almada, Julho 1997
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