sexta-feira, setembro 21, 2007

Ó sole mio


Raios te partam
Que não és espelho, vidro de algum,
Massa em espasmos, força!
A lua esconde-te, sem paralelum.

Luz, disse Goethe
Devorando o teu astro
Como um navio sem medo
Deixando no oceano o lastro.

O meu corpo recupera do teu
A alma infinita
Brilho, cor, suor, o calor
Sem que agora o sinta.

Nas horas longínquas em que te possuo
Comovo-me com a tua bondade
São horas permitidas
Aquelas em que tenho mais saudade

De ti, brasa e candeia dos dias
Fazes mover as vidas
Perpétuas de dor
Lágrimas cometidas.

Teu signo é leão
Ó esfera que nos cega
O destino é sempre este
Errar como ele erra.

“Errante é tanto aquele
que se engana como
aquele que deambula.”

Rui Rocha
Debaixo do Bulcão poezine
Número 10 – Almada, Setembro 1998

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