A água escorre por todo o lado...
Um dos muitos donos da rua
Destes tempos sem tempo
Ficou sem espaço para vaguear.
Preso a uma velha portada
E sem ter nada para fazer
Voltou a pensar...
Reencontrou um amor distante
Num rosto pouco nítido
Com os olhos fechados
Estendeu a mão fria
À procura de Sofia
Apanha uma gota perdida
Agarra a mão ausente
Encosta-a ao peito frio
E sente calor no seu corpo
Que lhe aquece a alma perdida
E anima o corpo enrolado
No papelão húmido
Que é a cama do homem
Esquecido e abandonado
A água escorre por todo o lado...
Um dos muitos donos da rua
Ficou sem espaço para vaguear...
Imaginem só...
Deu-lhe para pensar...
Luís Milheiro
em "Vidas na Corda Bamba"
Edição SCALA - Almada, 2005
terça-feira, fevereiro 19, 2008
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1 comentário:
Apanhar uma gota de chuva tão cristalina e emotiva como essa que brilha nesse poema é árdua tarefa, e Luís Milheiro conseguiu fazê-lo. Beijos e parabéns.
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