Não estás mas sinto-te presente a meu lado.
Vejo-te mesmo deambulando em meu redor
gritando-me muda o teu querer num zombo
que tempestuosamente atordoa os meus ouvidos
que no entanto se recusam a zumbrir-se
O silêncio gritante do não-ser
arroja-se sobre mim como o mar nas rochas
retirando-se depois escorrendo algas
de pedra em pedra
procurando fazer o meu espírito escorregar
na humidade viscosa
em que me tentas impregnar
sem no entanto conseguir me imobilizar
É esse o teu objectivo ó invisível presente?
Desengana-te. A maré baixa e baixa
e enlama quase toda a praia do meu ser
mas logo o cheiro a maresia
se esvai nas límpidas águas que me vão deixar
em preia-mar…
Nelas mergulho. Sacudo os limos
liberto-me dos teus ardis
e nado com o vigor de um corpo adolescente
nu e livre
tão livre que não sinto o peso da idade
Podes manter essa tua determinação
- a tal deves sentir-te obrigada
ó dilecta filha do Vazio que maquinalmente
procuras inutilmente preencher com almas
as estranhas fileiras do Nada –
mas convence-te: andas adiantada
ou deram-te um relógio avariado.
Tem paciência. Espera. Tens de contar
com a minha resistência e igual determinação
mas de viver.
Vejo-te mesmo deambulando em meu redor
gritando-me muda o teu querer num zombo
que tempestuosamente atordoa os meus ouvidos
que no entanto se recusam a zumbrir-se
O silêncio gritante do não-ser
arroja-se sobre mim como o mar nas rochas
retirando-se depois escorrendo algas
de pedra em pedra
procurando fazer o meu espírito escorregar
na humidade viscosa
em que me tentas impregnar
sem no entanto conseguir me imobilizar
É esse o teu objectivo ó invisível presente?
Desengana-te. A maré baixa e baixa
e enlama quase toda a praia do meu ser
mas logo o cheiro a maresia
se esvai nas límpidas águas que me vão deixar
em preia-mar…
Nelas mergulho. Sacudo os limos
liberto-me dos teus ardis
e nado com o vigor de um corpo adolescente
nu e livre
tão livre que não sinto o peso da idade
Podes manter essa tua determinação
- a tal deves sentir-te obrigada
ó dilecta filha do Vazio que maquinalmente
procuras inutilmente preencher com almas
as estranhas fileiras do Nada –
mas convence-te: andas adiantada
ou deram-te um relógio avariado.
Tem paciência. Espera. Tens de contar
com a minha resistência e igual determinação
mas de viver.
1 de Janeiro de 2008
Alexandre Castanheira
em
Tempo Meu
edição Poetas Almadenses
Almada, Fevereiro de 2008
(no 80º. aniversário do autor)
1 comentário:
Que lindo!!! Nadar na liberdade de um poema é quase a cura para todos os males... Beijos.
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