Escrevo, porque não consigo ver-te,
a proliferação da inércia,
não me permite confabular.
És um diamante lapidado,
és um ser precioso que encanta
e é encantado,
revelas no oculto a subtileza altiva,
deixas-me permanecer na ilusão.
Diamante provoca a perdição,
porém ofuscas-me com artes enigmáticas
deixando-me com esta angústia excruciante,
em virtude de não te ter.
És um diamante cobiçado,
uma jóia não rara, mas eterna.
Jóia ingénua que obliquamente
me faz permanecer na quimera
do tormento silente.
Diamante, pedra tão bela...
confere-nos o poder absoluto instantâneo,
faz-nos fantasiar com um mundo
para além do paraíso celeste,
permite-nos viver perfidamente
no sonho da realidade em simultâneo.
O seu brilho abraça-nos infatigavelmente,
deixando-nos inexoravelmente extasiados,
com a sua dominação sedutora.
Nelson “Ngungu” Rossano – Poeta afro-português
Debaixo do Bulcão poezine
Número 36 - Almada, Julho 2009
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